O demônio do dia-a-dia

Bem mais do que encontrar alguém ideal para amar o mais importante mesmo é manter um bom relacionamento com essa pessoa. As coisas, às vezes, esfriam por causa de um vilão presente na vida inteira de qualquer casal: o cotidiano. Não importa a classe social, a cor, o credo... Basta uma brechinha e o cotidiano aparece para fazer seu estrago. Às vezes acho que Diabo é só apelido e que o nome do "coisa ruim" deve ser Lúcifer José Belzebu Cipriano Capeta de Cotidiano e Silva, e deve ter aprontado muito nessa História...

— Ah não, tô com dor de cabeça!

— De novo, Eva? Faz uma semana que essa sua enxaqueca não passa e eu fico na mão.

Fim (até que se comece outro...)

ATENÇÃO: esta crônica contém spoilers da vida! 

Adoro o jeito como minha mãe me apóia. Contei pra ela que eu havia me separado e ela perguntou o que EU tinha feito de errado. Já não bastava o meu coração partido e ela ainda veio com esse dedo na ferida. E isso porque sou bom menino, hein! Imaginem se eu fosse um cafajeste.

- Grávida?

- Não.

- E suicida?

- Er... até agora não.

- Ela não tinha grana suficiente, é isso?

- Pô, mãe! Tá louca? Só deixei de gostar dela, oras!

- Tá, porque você tem outra, né?

E-mails, pis e o guru do sexo

Sinceramente eu não esperava que o projeto Toques Para Mulheres pudesse fazer o sucesso que faz. Dá para medir isso pela quantidade de e-mails que recebo de mulheres, parabenizando a iniciativa. Algumas dizem se identificar com o que escrevo; já outras escrevem palavras que me fazem pensar se estou indo no caminho certo, como "filho da piiiii", "vai tomar piiiii" e outros "pis" bem mais contundentes.

Estranhamente quem nem deveria saber que esse projeto existe anda me contatando: os homens. Me pedem conselhos sobre como tratar suas mulheres em situações específicas, como se eu fosse um guru do sexo.

Ah, quem dera eu entendesse tanto do assunto! Se fosse assim, não estaria aqui, num sábado à noite, comendo pizza sozinho e assistindo "O acasalamento das emas mancas de Angola" no Discovery Channel. 

Só uso um pouco de bom senso para encarar as situações e criatividade para escrevê-las de forma divertida nas crônicas que vocês leem. Compartilho com o Nelson Rubens ("ok, ok, ok!") o slogan "Eu aumento, mas não invento!". Tá, às vezes, eu invento sim, mas vocês nunca vão ficar sabendo quando.

O fato é que algumas perguntas me deixaram sem palavras, e venho humildemente pedir a vocês, meninas, que me ajudem a respondê-las. Quem sabe assim possamos juntos ajudar alguns homens a entenderem melhor suas companheiras e, assim, deixar esses casais mais felizes. Topam? Seguem as perguntas:

A comível e a namorável

O imposto pago a César
Dias atrás, uma amiga chegou com uma questão, cujas respostas me colocariam em maus lençóis, tal qual aquela pergunta que fizeram a Cristo:

— Jesus, o imposto pago ao imperador César é justo?

Se ele respondesse que sim, o seu povo, que era dominado por César, iria contra Jesus; se respondesse que não, o governo o prenderia por subversão. Então ele veio com a resposta mais inteligente que já vi:

— Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Simples, objetivo e nada comprometedor.

Mas a questão que me ameaçava era:

— Edson, eu sou comível ou namorável?

Seios maternos são mais ternos do que seios femininos?

- Er... moça...

- Pois não?

- Desculpe abordá-la assim, mas...

- Diga

- É que a senhora...

- Fale logo, moço!

- É que não permitimos aqui no banco nenhum tipo de atentado ao pudor.

- E o que eu tenho a ver com isso?

- Bem... seu seio está escancaradamente à mostra.

- Misericórdia! Esqueci a criança no ônibus!

A conta, por favor!

Tempos atrás, escrevi uma crônica sobre a polêmica: ao final do jantar do casal, as despesas devem ser divididas ou o homem deve pagar a conta? Não vou escrever aqui todos os argumentos que expus naquele texto. Mas, resumindo, defendi que o mais certo era a divisão das despesas.


Não sei por que me meto a cutucar pseudofeministas com vara curta, mas o fato é que uma moça me enviou um e-mail, dizendo que o homem deve pagar a conta porque a mulher gasta uma fortuna se arrumando para ele.


Mais respeito, hein!

Finalmente vou tratar de um assunto de que gosto muito... Pensando melhor, não é beeem do assunto que eu gosto, mas do prazer que ele proporc... Er... acho que ainda não me fiz entender direito. Deem-me mais uma chance: hoje vou falar de seios! (Agora foi, e curto e grosso!)

Logo no início da vida de qualquer um, eles são objetos de desejo, pois são fonte de alimento. Depois do desmame, só muitos anos depois é que esse par tão apreciado na infância volta a ser apreciado, mas, desta vez, na grande maioria dos casos, somente por um sexo.

Seios fazem a diferença no corpo da mulher adulta como uma gravata faz a diferença em um terno: ambos dão o tom final à composição.

Um brinde às bêbadas de sonhos matrimoniais!

Já ouvi de tudo sobre o casamento: que é uma instituição falida, que quem está fora quer entrar e que quem está dentro quer sair... Enfim, há muitos que não acreditam nele.

No passado, ele era apenas um acordo entre casas reais para unir impérios. Alguns reis até casavam seus filhos para impedir a divisão de seus domínios. Argh! Casar irmãos? Eu hein! O fato é que, em tempos passados, o casamento era só um contrato de união estável entre casais (ou casas reais). E não havia separação! Só o Henrique oitavo que quis a separação e, não podendo por pressão religiosa, rompeu com a igreja católica, fundou o Anglicanismo e mandou matar duas esposas porque não lhe davam herdeiros! Bom, ninguém pode negar que ele tinha atitude. Porém, isso é outra história.

As borboletas do Mário

Andei pensando muito no estilo de mulher de que gosto: alta, magra, branca, loira, olhos verdes, bastante seios (que sejam dois, por favor!), cabelos longos, que use scarpin e tailleur. Tá, eu sei que estou pedindo a Nicole Kidman, mas não posso sonhar alto? Atribuem a Donald Trump a seguinte frase: "Se seus sonhos estão nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo. Agora construa os alicerces". Bacana o Donald! (o pato também, mas ele não tem frases tão boas assim. Talvez até tenha, porque, na verdade, nunca consegui entender muito bem o que ele fala).

O Aurélio e o igualismo

Segundo o Aurélio (não o jardineiro aqui do condomínio, o Buarque de Holanda mesmo) "feminismo" é um "movimento favorável à equiparação dos direitos civis da mulher aos do homem". Bonito isso, e eu concordo. Mas veja o que o mesmo dicionário diz sobre o machismo: "atitude de quem não admite a igualdade de direitos para o homem e a mulher, sendo contrário ao feminismo". Foi aí que deixei de entender. A mesma construção de palavras, mudando só o prefixo, dá sentidos completamente diferentes. Não sei quanto a vocês, mas tanto feminismo quanto machismo, para mim, soam como um sexo que acha o outro inferior, submisso. E trocar machismo por feminismo seria como trocar uma ditadura por outra.

Como evitar capetas garanhões

Já viram um cavalo reprodutor? Forte, vistoso, viril! Alguns dizem que eles têm cinco pernas, mas sabemos que não é bem assim. Esses cavalos são os garanhões.

E não é à toa que homens que saem por aí pegando várias mulheres são denominados assim. A comparação é óbvia, não?

Faz parte do macho querer perpetuar a espécie e, por isso, vivem atrás de seus pares femininos. Não que eu ache isso correto ou... hum... Ah, tá bom, vai! Sem hipocrisia: não há nada de errado em um homem querer pegar geral. Desde, claro, que ele esteja solteiro e que a outra parte esteja ciente que não haverá compromisso ali.

A gravidez do casal executivo

E a minha credibilidade vai para o chão, porque muitas, com certeza, vão se perguntar:

- Ele é solteiro, nunca foi casado, não é pai, nem psicólogo e vem querer falar sobre gravidez?

- Vai ver ele estava sem assunto para escrever crônicas

- Mais um motivo para ele calar a boca e não se meter no nosso mundo.

- Quer saber? Você tem razão! E digo mais...

Er... meninas! Era para o diálogo ter ficado só na primeira fala. Não se empolguem, ok?

Nem tudo entre quatro paredes vale

Acho que se pudesse escolher uma palavra essencial para um relacionamento dar certo eu escolheria "sincronia". Isso porque se você ama mais do que o rapaz te ama, a tendência é que um dia você se sinta prejudicada e o relacionamento acabe. Da mesma forma, se você for companheira dele no que ele quer fazer e ele não for no que você quer fazer isso também pode te fazer se sentir lesada no relacionamento. E vice-versa.

É preciso ter sincronia em tudo num relacionamento. Até no sexo. (Na verdade, principalmente...!)

Está andando desse jeito torto por quê?

Tem algo mais gostoso do que uma mulher desfilando pelas ruas de salto alto, com ar imponente, como se estivesse numa passarela no Olimpo, dando o ar de sua graça aos mortais? Se tiver, deve ter açúcar, morango e canela na receita, porque uma mulher com postura é algo muito gostoso de se apreciar, ainda mais quando um doce sorriso acompanha esse ar glamouroso.

E não são só os homens que apreciam um desfilar feminino. As próprias mulheres também.

- Olha a Bibi chegando, Perla!

- Nossa, a diaba sabe se portar, hein? Olha como ela desfila!

- Claro, ela não faz nada da vida. É uma perua!

Mas que pergunta indelicada de se fazer a uma mulher!

"Mas que pergunta indelicada de se fazer a uma mulher!" é a resposta clichê-padrão-cansativa para a pergunta "quantos anos você tem?".

Sinceramente não entendo muito bem o receio que as mulheres têm em envelhecer. Todo mundo envelhece.

Victor Hugo, em seu poema "Desejo", diz que "cada idade tem o seu prazer e sua dor, e é preciso deixar que eles escorram por entre nós". Sou fã desse poema. Sei de cor, e ele é tão bom que já me garantiu várias pequenas conquistas nos últimos anos. Quem não malha, não joga futebol, não pratica esportes tem de se valer de artifícios intelectuais para conquistar garotas. E é isso o que faz a verdade contida naqueles versos: convence, conquista, conforta. Não especificamente as mulheres, mas o ser humano.

Vai ser injusta só porque são injustos com você?


Nem me lembro de quando foi a primeira vez que ouvi a afirmação de que o mundo é machista, que os homens levam vantagem injusta em tudo sobre as mulheres. Dizem que as crianças ouvem tudo dentro da barriga da mãe. Talvez possa ter sido, então, no momento do meu parto, com minha mãe suando e forçando, dizendo:

- Oswaldo, desgraçado! Da próxima vez, ou você vem aqui dar a luz ou esse será nosso último filho!

O fato é que fui o último filho deles. O quarto e último.

O último pingo

Recomendo às moças mais puritanas que nem comecem a ler esta crônica porque falaremos de piupius e pererecas. Insistem? Tá bom, depois não digam que o texto é de mau gosto.

Vocês conhecem a expressão cheiro de cueca suja? Já imaginaram o motivo de uma cueca ter esse odor nojento? É por causa de outra expressão: o último pingo é sempre na cueca.

Por mais que o homem, após mijar (porque homens mijam, mulheres fazem xixi e médicos urinam) chacoalhe o negócio (muitas vezes causando respingos no banheiro inteiro) é impossível manter a cueca seca.

Com as mulheres isso acontece menos porque, desde mocinhas, as mães as ensinam a enxugar a perereca (eu queria chamar de outro nome carinhoso, mas só é legal na hora do vamos ver) com um pedacinho de papel higiênico. Mas com os meninos funciona diferente porque os pais talvez se constranjam em tocar no assunto com o filho. Normalmente não falam sobre sexo, que é mais importante. Sobre enxugar o pintinho também não devesse ser prioridade na cabeça deles.

Homens devem ganhar mais do que as mulheres

Se as mulheres indignadas com o título desta crônica lerem o texto até o final, talvez soltem os tijolos destinados à minha cabeça.

Quem me conhece sabe que fui criado entre mulheres: mãe, três irmãs, sobrinha e Lupita, minha cachorra. (Pois é, até meu bichinho é fêmea!) Aprendi a respeitar esse sexo (nada) frágil e tratar seus espécimes de igual pra igual. Às vezes, muito igual mesmo. Minhas irmãs e eu saímos na mão várias vezes. E o sexo (nada) frágil sempre levava a melhor: eu apanhava. Mas não vamos voltar a hematomas passados. Disse isso para tentar ganhar a simpatia de vocês para me ouvirem até o final. Vamos lá!

Desde a Bíblia, em que as adúlteras eram apedrejadas e os homem saíam incólumes (Abaixem os tijolos, meninas, ainda estou explicando!), as mulheres lutaram por justiça e igualdade entre os sexos. E, ano após ano, galgaram seus espaços. Até ao Palácio do Planalto elas já chegaram.

Biquínis, unhas e extintores...

Outro dia, na Avenida Paulista, uma amiga com quem eu acabara de almoçar apontou uma garota que passou por ela e disse:

- Nossa! Será que essa aí não tem espelho em casa não?

A “essa aí” a que ela se referia usava uma blusa que deixava a barriguinha de fora. Barriguinha não. Sem eufemismos. Na verdade era algo grande, transbordante, para fora da calça, como um muffin com um umbigo em forma de botão de elevador. Mas mesmo que o umbigo desse muffin não parecesse com algo escrito “sobe” e fosse só uma minicaverninha, a imagem não era muito agradável de ser vista. Isso é fato. Ganharia o veredito “errado” naquelas seções de fim de revista que apontam como as mulheres estão vestidas.

Calcanhar-de-aquiles

Desde que me entendo por gente, ouço a expressão calcanhar-de-aquiles e a sua acepção, mas, para grande parte da população, esta informação só teve sentido com o lançamento do filme Tróia, baseado na obra literária Ilíada, de Homero. Para quem não conhece, vou contar um pedacinho da história: a mãe de Aquiles, interpretado pelo ridículo do Brad Pitt (dor-de-cotovelo!), banhou o seu filho nas águas de um lago encantado para torná-lo invulnerável, e conseguiu, mas precisou segurá-lo pelo calcanhar para poder puxá-lo de volta. Assim, esta parte ficou sem proteção. Vencedor de muitas batalhas, Aquiles só morreu depois que Páris o atingiu no calcanhar, com uma flecha envenenada, durante a guerra de Tróia. Daí surgiu a expressão calcanhar-de-aquiles, que significa o ponto fraco de alguém. Então eu me pergunto: qual será o calcanhar-de-aquiles das pessoas? Bem, dos homens em geral eu já sei.